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Dia das Mulheres: elas são metade da população, mas somam 23% na Bolsa

Yolanda Fordelone

08/03/2020 04h00

Somos quase 52% da população, mas no mundo dos investimentos o cenário é bem diferente. As mulheres representavam 23% do total de investidores da Bolsa de Valores de São Paulo no fim de 2019. São 388 mil investidoras, o dobro do número final de 2018, mas ainda longe de ter uma igualdade de gêneros.

Em valores investidos também são observadas diferenças. Elas investem cerca de R$ 600 a menos do que eles por mês, segundo dados do aplicativo Guiabolso.

Mas há o lado positivo: mulheres costumam ser mais cautelosas, se preparam antes de investir e isso se traduz nos resultados. Segundo uma pesquisa da corretora Toro, as mulheres costumam lucrar em média 1% a mais que homens ao ano nos investimentos.

E são por conta de três motivos que explicam essa diferença no comportamento dos investimentos:

1. Poucas conversas e referências femininas: não só o público investidor é dominado por homens, como os bastidores do mercado financeiro. Entre analistas financeiros do Brasil, somente 15% são mulheres. Isso reforça o esteriótipo de que dinheiro "é coisa de homem".

Mulheres acabam não achando referências para se inspirar ou mesmo se sentir mais a vontade para conversar e perguntar sobre o assunto. Se a educação financeira já é um problema para o brasileiro em geral, para as mulheres, a falta de conversa entre amigas ou familiares, e de referência no mercado, acaba as afastando ainda mais do tema.

2. Diferença de renda: é amplamente debatido que mulheres ganham menos que homens. A diferença salarial, que começa em 18%, chega a 29% de acordo com a idade de comparação. Com uma renda menor, é natural que menos mulheres consigam ter economias suficientes para aplicar. Quando conseguem guardar algo, em geral acaba sendo um valor menor.

3. Acesso aos produtos: pode parecer há muito tempo, mas foi somente em 1962 que mulheres puderam tirar CPF e abrir conta bancária. Houve um tempo em que trabalhar fora era uma atividade que precisava de autorização do marido. Parece que faz muitos anos, mas são apenas duas gerações que separam a gente dessa época. Apesar de ter surgido mais recentemente iniciativas voltadas para mulheres, o acesso tardio a produtos as afastou por muito tempo desse aspecto financeiro da vida.

E como mudar isso?

A dica aqui é sempre buscar informações e planejamento. Uma vez definido qual será o investimento, além do valor, o encare como uma conta. Ao receber o salário, já reserve uma parte dele para a aplicação. No canal Econoweek, já falamos inclusive sobre a regra 50-20-30, que indica um porcentual ideal para gastos essenciais, lazer e investimentos.

Além disso, é interessante buscar fóruns e atendimentos voltados para mulheres. Há iniciativas que buscam promover a conversa de finanças para este público. É o caso do projeto Invista Como Uma Garota, que faz roda de conversas presenciais sobre o tema. Também há alternativas online: o Guiabolso, por exemplo, fará uma live do tema nesta terça-feira, 10 de março, às 20 horas.

No mercado, também há boas chances de você encontrar produtos ou mesmo atendimento especializado. Na Toro, por exemplo, todas as investidoras que se cadastrarem e investirem pelo menos R$ 5 mil entre os dias 5 e 17 de março ganharão uma orientação exclusiva de assessoras mulheres da plataforma, via Whatsapp. Uma boa oportunidade para tirar todas as dúvidas sobre investimentos. 

Mas e você? Já é uma mulher investidora? Conta aqui nos comentários ou fale com a gente no nosso canal do YouTube, Instagram e LinkedIn. Também é possível ouvir nossos podcasts no Spotify. A gente sempre compartilha muito conhecimento sobre economia, finanças e investimentos. Afinal, o conhecimento é sempre uma saída!

Sobre os Autores

César Esperandio: economista com ênfase em planejamento financeiro, com larga experiência no mercado financeiro. Já atuou em setores macroeconômicos de bancos e consultorias, além de ter passado por empresa de pesquisas de mercado. Hoje se dedica exclusivamente ao Econoweek, com foco em investimentos.

Yolanda Fordelone: economista e jornalista, teve passagens por grandes jornais nas áreas de economia e finanças, foi professora em um curso de graduação em Economia e hoje coordena uma equipe em um aplicativo de gestão financeira. Além disso, se dedica às finanças pessoais no Econoweek.

Sobre o Blog

O Econoweek é um blog escrito por dois economistas que querem traduzir a economia, as finanças e o dinheiro.