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Econoweek

Como eu fiz para perder só 1%, enquanto a Bolsa caiu ao redor de 40%

César Esperandio

27/03/2020 04h00

Estamos vivendo um grave problema de saúde pública, e devemos nos prevenir seriamente. Os impactos no emprego e na economia deverão ser severos e essa é uma discussão válida. Ao mesmo tempo, outra preocupação paira no ar: como se prevenir da forte queda das Bolsas de Valores?

O economista César Esperandio, do Econoweek, a tradução da economia e do dinheiro, vai mostrar como sua carteira de investimentos caiu menos de 1%, enquanto a Bolsa já recuou ao redor de 40% desde o pico desse ano.

A Bolsa continua indo muito mal, principalmente quando comparado à máxima no ano.

Enquanto isso, a minha carteira de investimentos, desde o começo do ano, perdeu muito menos. Até aqui, tenho um rendimento de -0,83% negativo.

Qual é o meu segredo? Eu diversifico os meus investimentos porque não gosto de me expor tanto ao risco.

Como é a minha carteira

De maneira bem resumida, divido a minha carteira em investimentos de renda fixa, investimentos de renda variável e investimentos alternativos.

Renda fixa

Hoje, 71% dos meus investimentos estão em renda fixa, diversificados em títulos prefixados, pós-fixados e atrelados à inflação.

Praticamente tudo está investido em títulos privados, como CDBs e debêntures, que costumam ter boa remuneração.

Na renda fixa, ainda há uma parte que direciono para a reserva de segurança, em títulos que eu possa resgatar a qualquer momento que eu precise usar.

É muito importante ter uma reserva de segurança entre seis e 12 meses dos gastos normais para momentos como esse. Nós explicamos como montar uma reserva de segurança nesse link.

Do fim de 2019 até hoje, esses investimentos renderam +1,97% para mim, ao redor de 230% do CDI.

Renda variável

A parte de renda variável corresponde a 24% do meu portifólio. Por simplificação, eu incluí nessa conta, além das ações, alguns fundos multimercado e outros fundos de ações que eu invisto o meu dinheiro.

Como os fundos multimercado investem em várias coisas diferentes, isso segurou um pouco da queda dessa parte da minha carteira, que já caiu 8,32% em 2020. Pelo menos, é uma queda bem menor que os 40% do Ibovespa, aproximadamente.

Investimentos alternativos

O restante da minha carteira, dedico a investimentos alternativos e, portanto mais arriscados. Em minha estratégia, viso sempre o longo prazo, inclusive nesse recorte.

Ao redor de 5% da minha carteira está alocada nesse tipo de investimentos.

Nessa linha, há investimentos menos populares da renda fixa, como precatórios de estados, como o de São Paulo, até fintechs de investimentos, como a Captable, uma crowdfunding de investimentos em startups, onde se investe para ter a possibilidade de se tornar sócio do negócio, caso ele dê certo.

Dentro do mundo das fintechs, há diversas opções de investimentos, desde a possibilidade de emprestar dinheiro a empresários do setor imobiliário, caso da MatchMoney, ou investimentos coletivos diretamente em imóveis, que é a praia da Urbe.me, até chegar no campo dos robôs de investimentos, que usam algorítimos para a tomada de decisão de alocação e identificação do perfil do investidor, como a gestora digital Magnetis.

Respeitando as particularidades de cada investimento, todos são considerados arriscados. Então, fique atento.

Eu já comentei em detalhes como funciona o investimento em startups, mostrando se vale ou não a pena e como eu faço para aumentar as chances de me sair bem, sem me expor a risco desnecessário. Vale a pena o clique.

Como o meu investimento em empreendimentos e startups não estão listados na Bolsa, e não teve grandes alterações do começo do ano para cá em suas atividades, eu considerei que continuam valendo a mesma coisa. Ou seja, 0% de valorização.

É claro que, listados ou não em Bolsa, praticamente todo mundo que tem um negócio próprio está sentindo o efeito dessa crise, já que a atividade econômica diminuiu, com empresas com operação reduzida ou parada, e pessoas dentro de casa, saindo muito menos para consumir.

Então, estamos em um momento de maior risco para todo tipo de investimento, sem exceções. Mas é possível minimizar esses riscos, diversificando os investimentos, até de maneira mais conservadora do que o meu exemplo.

Note que essa composição dos meus investimentos é recomendada para quem tem perfil de investidor mais agressivo.

Mesmo assim, há muitas pessoas que investem praticamente tudo em ações e sofreram muito mais com a queda da Bolsa.

Vale o destaque de que essa é uma discussão de investimentos e o texto não se trata de uma recomendação para qualquer tipo de aplicação.

Investimentos na Bolsa de Valores são considerados aplicações de risco.

Como está o rendimento e composição de seus investimentos? Conte aqui nos comentários ou fale com a gente no nosso canal do YouTubeInstagram e LinkedIn. Também é possível ouvir nossos podcasts no Spotify. A gente sempre compartilha muito conhecimento sobre economia, finanças e investimentos. Afinal, o conhecimento é sempre uma saída!

Sobre os Autores

César Esperandio: economista com ênfase em planejamento financeiro, com larga experiência no mercado financeiro. Já atuou em setores macroeconômicos de bancos e consultorias, além de ter passado por empresa de pesquisas de mercado. Hoje se dedica exclusivamente ao Econoweek, com foco em investimentos.

Yolanda Fordelone: economista e jornalista, teve passagens por grandes jornais nas áreas de economia e finanças, foi professora em um curso de graduação em Economia e hoje coordena uma equipe em um aplicativo de gestão financeira. Além disso, se dedica às finanças pessoais no Econoweek.

Sobre o Blog

O Econoweek é um blog escrito por dois economistas que querem traduzir a economia, as finanças e o dinheiro.