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Econoweek

Como pagar as dívidas rapidamente com cinco mudanças no estilo de vida

César Esperandio

22/10/2019 04h00

Ter dívidas e contas pendentes causam estresse e tiram o nosso sono, mudando o foco da nossa atenção do que realmente importa, como família, amigos e trabalho, para o que devia estar em ordem, mas não está: as nossas contas.

Mas não se desespere! Agora, o Econoweek vai falar de cinco mudanças de comportamento para você zerar as suas dívidas rapidamente.

Todo mundo sabe como é ruim ter dívidas ou crédito tomado, estejam eles em dia ou atrasados. Isso porque, quanto maior a parcela que essa dívida toma do nosso orçamento, menor é a margem de manobra para qualquer imprevisto.

Além das contas normais para pagar, como aluguel, conta de água e luz e supermercado -, ainda temos uma parcela deste compromisso. Às vezes, pode sobrar muito pouco, ou mesmo nada, do salário para fazer o que gostamos.

Essas cinco dicas irão promover mudanças drásticas para zerar as dívidas rapidamente e não são sobre atitudes que você vai incorporar para sempre.

 

Recentemente, fizemos um vídeo sobre a regra 50-30-20 de organização com dinheiro. Acho que você vai gostar!

 

1) More com mais alguém

As despesas com moradia estão entre as mais caras, e dividir esses custos pode ser uma ótima ideia. Há sites como Roomgo, antigo EasyQuarto, ou mesmo o Airbnb, que permitem que você alugue um quarto disponível dentro da sua casa ou mesmo divida o quarto com outra pessoa.

Isso pode soar estranho para muitas pessoas, e temos que respeitar o perfil de cada um, mas nesses sites há uma lógica de avaliação mútua, na qual você consegue ver tanto o perfil de quem busca um quarto como de quem está alugando um espaço, com o feedback de pessoas que já dividiram o teto com ele. É como se fosse um Uber: você vê a nota do motorista e o que outras pessoas estão falando dele, enquanto os motoristas também veem a sua nota e avaliações.

Fora do país, é muito comum dividir o apartamento ou o quarto, justamente para reduzir custos. Nesses sites, normalmente se aluga o quarto levando em conta todas as facilidades que a casa já tem, como móveis, internet e TV.

Se você for alugar um quarto da sua casa, principalmente se não por meio desses sites, busque recomendações das pessoas com que você vai dividir o espaço para ter mais segurança e estabeleça as regras da casa, como proibição de fumar, permitir ou não pets, barulho, etc.

Além disso, seja rigoroso com os pagamentos. Nesses sites, o pagamento é feito diretamente por lá, te ajudando com burocracias e cobranças. E claro, se for alugar para um amigo, não deixe que ele te enrole e pague só quando quiser.

Isso pode dar uma boa grana para você.

 

2) Mude para uma casa que caiba no seu bolso

Essa regra vale tanto para onde você mora, como para o seu carro ou todo o padrão de vida que leva. Mas deve ser lida com cuidado no caso da moradia.

Os custos de moradia são responsáveis pela maior parcela dos nossos gastos e, se você está com problema para pagar as contas ou as dívidas, vale a pena repensar tudo isso. Talvez você esteja morando em um lugar que o aluguel ou o condomínio sejam caros demais, ou ainda more em uma casa maior do que precise.

Normalmente, casas mais legais e mais caras também podem estar em bairros em que tudo ao redor é mais caro, justamente porque os serviços, como mercado, restaurante, cabeleireiro, manicure e estacionamento, embutem em seus preços o custo do aluguel. O padrão de vida como um todo se torna mais caro.

Nessa situação, pensar em se mudar para uma casa mais simples, com um condomínio sem tantas coisas que acabamos nem usando muito, ou mesmo para um bairro mais barato, pode gerar um bom alívio no orçamento.

Mas por que eu disse que essa dica tem que ser lida com cuidado?

Porque, além do custo da mudança, que tem que ser feito para não acabar tendo um gasto que inviabilize a economia que seria gerada ao mudar para um lugar mais econômico, também há outros fatores que tem que ser levados em conta, como o gasto com transporte.

Se você pensa em se mudar para um lugar mais barato, porém mais afastado, isso possivelmente ocasionará em um aumento com o custo de locomoção. Veja se o barato não pode sair caro.

Essa é uma mudança não tão rápida de se fazer e desfazer. Então, pense com calma sobre isso.

Por outro lado, vender um carro e comprar um bem mais barato é muito mais simples, ou mesmo passar a usar transporte público, o que pode gerar uma economia e tanto dentro do mês. Sem contar o dinheiro em mãos da venda do veículo, que já pode pagar uma parte das contas atrasadas.

O raciocínio também vale para a academia, para o plano de celular ou para o combo de TV e internet da sua casa. Você pode viver sem isso por um tempo ou trocar por outro pacote mais barato? Faça isso. Será temporário (ou você perceberá que já não usava todo o pacote que contratava).

 

3) Ajuste o seu círculo de amizades e seu estilo de vida

Essa dica não é para você deixar de socializar e se livrar de todos os seus amigos, mas sabemos que temos certos círculos de amizade que têm padrões e costumes mais caros.

Lembra aquele amigo (a) que sempre que você o vê acaba indo a um restaurante mais caro, bebendo em bares da moda ou comprando coisas desnecessárias no shopping? Pare de sair com ele por um tempo, por mais que o amigo seja uma boa pessoa.

A mente humana tem dificuldade de evitar certos tipos de comportamento, principalmente com pessoas que gostamos, porque vamos nos lembrar da última vez que o vimos e querer repetir os mesmos programas, que, nesse caso, envolvem gastar o dinheiro que você não deveria.

Você também pode sugerir passeios alternativos e mais baratos, como preparar um jantar com seus amigos em casa, ir ao parque ou fazer uma noite de filmes ou jogos de tabuleiro. A criatividade é sua amiga nessa hora, e você é a melhor pessoa para saber o que vai funcionar.

Se perceber que esses passeios alternativos não vão dar certo, deixe de ver a pessoa por um tempo e explique que precisa acertar o orçamento, mas que será passageiro.

 

4) Sem dias de folga até ajustar as contas

Até acertar tudo, trabalhe todos os dias. Isso pode ser chato e bastante cansativo, mas você será grato quanto as suas contas estiverem ajustadas.

Essa é uma boa oportunidade para arrumar um trabalho extra aos finais de semana ou mesmo para começar a fazer aquilo que você sempre quis fazer, mas não começou até agora, como vender bolo, fazer doces ou salgadinhos para festa, revisar trabalhos de faculdade, montar sites, vender bijuteria, entre outras atividades. Qualquer coisa que você gosta e saiba fazer.

Isso pode vir a se tornar a sua fonte de renda principal no futuro. Pense nisso.

Mesmo se não for o caso de você começar um negócio, sites como o Getninjas permitem que você ofereça os seus serviços online, para ir até o cliente no seu tempo livre.

Sim. Pode ser muito chato trabalhar todos os dias. Mas lembre-se que isso será temporário. Quanto maior o esforço aqui, menor o tempo até quitar sua dívida e você vai pagar menos juros.

 

5) Anote tudo

Essa é a hora de você aprender a usar o Excel, anotando e classificando todos os seus gastos. Dessa maneira, você vai perceber se está gastando mais com refeições fora de casa, com lazer, com idas ao shopping ou qualquer outra coisa.

Eu tenho um exemplo de quando comecei a montar a minha planilha de orçamento pessoal pela primeira vez e vi que gastava muito mais do que imaginava com refeições fora de casa.

Cada passeio que eu fazia, por mais que parecesse barato, sempre envolvia o custo de alguma refeição. Ao final do mês, tinha gastado muito mais do que podia.

Mais recentemente, outra coisa que me fez perder o controle do meu orçamento foi o Uber. Vendi o meu carro e passei a usar muito mais o aplicativo por comodidade em vez de caminhar duas quadras para pegar o metrô.

Por mais que a maioria das corridas ficasse abaixo dos R$ 20, no final do mês me assustei com uma fatura de R$ 1.000 no cartão de crédito só com Uber.

Então, ter o controle diário dos gastos nesse momento de dinheiro curto é fundamental para corrigir os hábitos e não perder o controle da situação.

Depois de resolver isso, você pode passar a ter um controle semanal, mas, por enquanto, terá que ser diário.

Ah, César! Mas eu não sei usar o Excel. Primeiro, essa é uma boa hora para aprender, mas também há aplicativos como GuiaBolso e Mobbils, nos quais você pode fazer essas anotações direto no seu celular. Além disso, os dois exemplos têm mecanismos que vão identificar sozinhos os gastos no seu cartão, anotar e classificar as despesas para você.

Como bônus, há essa planilha de Excel da B3, a Bolsa de Valores, já pronta para você começar a anotar os seus gastos.

Não há mais desculpas!

 

No vídeo acima, eu dei a minha opinião sobre como aplicaria em minha vida cada uma dessas cinco dicas, com sugestões que você pode levar em conta para adaptá-las à sua realidade. Afinal, não somos todos iguais, não é mesmo?

 

O que você achou dessas mudanças radicais sugeridas? Tem mais alguma dica?

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Sobre os Autores

César Esperandio: economista com ênfase em planejamento financeiro, com larga experiência no mercado financeiro. Já atuou em setores macroeconômicos de bancos e consultorias, além de ter passado por empresa de pesquisas de mercado. Hoje se dedica exclusivamente ao Econoweek, com foco em investimentos.

Yolanda Fordelone: economista e jornalista, teve passagens por grandes jornais nas áreas de economia e finanças, foi professora em um curso de graduação em Economia e hoje coordena uma equipe em um aplicativo de gestão financeira. Além disso, se dedica às finanças pessoais no Econoweek.

Sobre o Blog

O Econoweek é um blog escrito por dois economistas que querem traduzir a economia, as finanças e o dinheiro.