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Economia ruim faz filmes como "Coringa" serem um sucesso; por quê?

César Esperandio

04/10/2019 04h00

Foi lançado o tão comentado filme "Coringa", que conta a história do surgimento desse vilão, estrelado por Joaquin Phoenix. Detalhes do filme, você já deve ter visto vários. Mas hoje, o Econoweek te conta por que filmes de herói têm feito tanto sucesso, e esse não será exceção. Spoiler: tem tudo a ver com economia. E, não, nosso texto não contém spoilers do filme, que, aliás, eu mesmo estava ansioso para assistir enquanto escrevia esse texto.

O lançamento do "Coringa" vem na sequência de uma leva de diversos outros filmes de heróis. Mas não é só isso: o gênero movimenta toda uma indústria. Se você mora em São Paulo ou está a passeio por aqui, deve ter visto que temos duas grandes exposições atualmente sobre super-heróis: a comemoração dos 80 anos do Batman no Memorial da América Latina, e uma de Lego dos heróis da DC Comics, lá no Ibirapuera.

Nem preciso dizer que cada herói é uma marca, que gera receitas desde games, brinquedos e parques de diversões até vestuário e parcerias com a indústria de alimentos, só para citar alguns exemplos. É um negócio bilionário.

Vamos a alguns dados recentes da indústria de super-heróis:

  • Em 2018, dos dez filmes de maior bilheteria, sete foram de heróis;
  • Em 2019, foram lançados cinco grandes filmes de heróis: "Coringa", "Capitã Marvel", "Vingadores: Ultimato", "X-Men – Fênix Negra", "Homem Aranha: Longe de Casa";
  • Algumas estimativas de arrecadação para o filme "Coringa", só no primeiro final de semana de estreia, estão entre US$ 60 e US$ 90 milhões, lá nos Estados Unidos;
  • Isso já mais que paga o salário do ator principal, Joaquin Phoenix, que ganhou  US$ 4,5 milhões pelo papel, segundo a revista "Variety".

Ao que tudo indica, o filme, que está sendo bem aclamado, deve ser um sucesso de bilheteria, podendo representar, para alguns fãs, uma esperança de virada de mesa da DC Comics sobre a Marvel, que historicamente disputam a briga da indústria de heróis.

A Marvel, nos últimos anos, tem sido considerada melhor que a DC na produção de filmes. Mas agora alguns acreditam que a DC pode surpreender com uma trama diferente, já que o Coringa não é um herói, mas um vilão ou anti-herói. 

Mas por que o filme Coringa já estreia como um sucesso?

Fatores como melhora dos efeitos especiais, trabalho com públicos diversos, como super-heroínas, e a convocação de elenco de peso contribuem para o aquecimento desse mercado de filmes do universo de heróis.

Mas há um fator econômico aqui. Crises são boas para essa indústria. Em 2008, acontecia a última grande crise nos Estados Unidos, com reflexos em todo o mundo, com recessões e muita incerteza. E a indústria do cinema? Vai muito bem, obrigado! E continua crescendo, sobretudo com filmes de heróis. Em 2008, o "Batman: O Cavaleiro das Trevas" foi o filme de maior bilheteria.

Alguns especialistas em cinema explicam que isso pode funcionar como uma válvula de escape. As pessoas, diante de uma realidade tão dura de desemprego, inflação, quebras de bancos, começam a desejar fugir da realidade.

A incerteza quanto à economia acende nos consumidores um desejo de ver alguma luz no fim do túnel. Mesmo que só na ficção, esquecer os problemas pode ser desejável.

Segundo a Media by Numbers, empresa de pesquisas de bilheteria, as vendas de ingresso nos Estados Unidos no começo de 2009 estavam 17,5% maiores do que em 2008, o ano do começo da grande crise econômica mais recente.

Naquele ano, também pode ter havido um segundo efeito: a substituição de lazer. Para o americano médio, ficou caro levar os filhos a Disney, cujo ingresso custava ao redor de US$ 60, enquanto o de cinema era menos de US$ 10, em média. Isso pode ter ajudado a indústria do cinema de super-heróis, que, ao mesmo tempo em que agrada às crianças e jovens, também entretém muitos adultos.

Há mais um monte de curiosidades nerds no nosso vídeo acima. Dá uma conferida!

Você acha que a crise econômica ajuda a explicar o sucesso de filmes de heróis? Ou há motivos mais fortes para esse fenômeno?

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Sobre os Autores

César Esperandio: economista com ênfase em planejamento financeiro, com larga experiência no mercado financeiro. Já atuou em setores macroeconômicos de bancos e consultorias, além de ter passado por empresa de pesquisas de mercado. Hoje se dedica exclusivamente ao Econoweek, com foco em investimentos.

Yolanda Fordelone: economista e jornalista, teve passagens por grandes jornais nas áreas de economia e finanças, foi professora em um curso de graduação em Economia e hoje coordena uma equipe em um aplicativo de gestão financeira. Além disso, se dedica às finanças pessoais no Econoweek.

Sobre o Blog

O Econoweek é um blog escrito por dois economistas que querem traduzir a economia, as finanças e o dinheiro.