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Investir em startups pode te deixar rico em pouco tempo, mas risco é alto

César Esperandio

27/09/2019 04h00

Recentemente, nos perguntaram como funciona uma startup, e mais: será que vale mesmo a pena investir nesses novos negócios com alto potencial de ganho, mas também de fracasso? Sabe aquelas empresas pequenininhas, das quais pouca gente ouviu falar, mas que de repente virou um unicórnio e passou a valer mais de US$ 1 bilhão? Sim, você poderia ter ganho um bom dinheiro, mas provavelmente só ouviu falar dos casos de sucesso. Hoje, o Econoweek te conta como funciona esse tipo de investimento.

Primeiro, vale o alerta que não estamos incentivando e nem desestimulando esse tipo de investimento, mas queremos esclarecer o seu funcionamento, pois há bastante risco envolvido.

Em segundo lugar, investir em startups está ficando cada vez mais simples. Porém, isso não quer dizer que qualquer um esteja apto a entrar nesse mundo: se você ainda tem apenas investimentos como poupança, fundos conservadores (DI ou renda fixa) e planos de previdência privada, talvez isso não seja o seu perfil.

Aconselhamos a começar a investir em títulos de renda fixa, tais como Tesouro Direto, CDBs, LCIs e LCAs, para então conhecer opções em renda variável, cujo exemplo mais famoso são ações, antes de diversificar para investimentos alternativos, que é o caso das startups.

Feito os devidos alertas, vamos ao funcionamento do investimento em startups. Esqueça aquela imagem de dois jovens gênios no fundo da garagem criando uma solução do zero. Isso ainda até pode ser verdade, mas você não precisa entrar com o seu dinheiro nessa fase do negócio.

Há poucos dias, batemos um papo com a CapTable (até então, a única coisa que eu sabia era que a StartSe é uma das sócias). A CapTable é uma plataforma que possibilita que qualquer um invista em startups que podem se transformar no próximo unicórnio… ou não!

Em alguns aspectos, investir em uma startup é similar a investir em uma ação. Mas há diferenças.

Ao comprar a ação de uma empresa, você automaticamente passa a ser sócio de uma parte bem pequenininha desse negócio. Ao investir em uma startup pela CapTable, você terá a opção de ser sócio futuramente, uma vez que adquiriu uma nota conversível em ação no futuro. Isso é bom e ruim: já que ainda não é sócio, você não colhe os frutos de lucros da empresa, mas, por outro lado, a opção de compra da ação dá "mais agilidade à startup e protege juridicamente o investidor, caso a startup faça alguma besteira", segundo Paulo Deitos Filho, um dos sócios.

Em até cinco anos, o investidor necessariamente escolherá se quer se tornar sócio efetivamente ou se irá preferir ter o seu investimento inicial de volta, acrescido de 100% do CDI, o que é uma opção em caso de a startup não deslanchar.

Ah! Há sempre a possibilidade de a startup quebrar. Neste caso, é preciso dizer que não haverá participação societária, tampouco você verá de novo o seu investimento acrescido de 100% do CDI. Esse é um risco.

Outra diferença em relação ao investimento em ações é que esse mercado de investimento em startups é muito mais novo. E também menor. Da mesma forma que nada garante que haja um comprador interessado na ação que eventualmente você queira se desfazer, a sua nota conversível em ação da startup no futuro também pode não encontrar uma contraparte disposta a assumir o risco. 

Há outras situações possíveis no meio do caminho que você percorrerá, caso decida investir nessa modalidade. Explicamos mais no vídeo acima. Mas, apesar dos riscos, Paulo Deitos afirma que a CapTable faz uma seleção minuciosa das startups que se candidatam a levantar capital por meio de sua plataforma, na qual é possível encontrar informações detalhadas de cada uma, desde detalhes da operação, do produto ou serviço final, até indicadores contábeis e financeiros da startup, essenciais para analisar se vale a pena investir e assumir o risco.

Mas o que você deve fazer para minimizar o risco?

O ideal é investir em várias startups. É o velho ditado de não botar todos os ovos em uma cesta só. E claro, diversificando o setor. Não adianta ter cinco startups de bancos digitais, por exemplo.

Importante: você tem que se conhecer e entender o risco envolvido. Se nunca investiu ou ainda investe apenas na poupança, talvez seja melhor começar com o básico: Tesouro Direto e renda fixa, depois começar a investir em ações, para só em seguida analisar a possibilidade de investir em startups. E sempre deixando parte relevante dos seus investimentos também em outros ativos mais seguros. Assim, você poderá dormir sem preocupação.

Os economistas do Econoweek investiriam em startups?

Sim, investiríamos. Eu, César Esperandio, reservaria uma pequena parte dos meus investimentos para isso. De modo que se uma startup virar um case de sucesso, posso ganhar bastante dinheiro, mas se alguma quebrar, não me fará tanta falta.

Além disso, eu analisaria se consumiria o produto ou serviço da startup que cogito investir. Vale ter um olhar de consumidor mesmo. Ou, caso eu não seja o público alvo, pensaria se outras pessoas consumiriam.

Na parte técnica, também olharia com bastante cuidado para todos os indicadores financeiros disponíveis, além de eventualmente até comprar um produto da startup em questão para testar.

Você investiria em uma startup? Que cuidados tomaria?

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Sobre os Autores

César Esperandio: economista com ênfase em planejamento financeiro, com larga experiência no mercado financeiro. Já atuou em setores macroeconômicos de bancos e consultorias, além de ter passado por empresa de pesquisas de mercado. Hoje se dedica exclusivamente ao Econoweek, com foco em investimentos.

Yolanda Fordelone: economista e jornalista, teve passagens por grandes jornais nas áreas de economia e finanças, foi professora em um curso de graduação em Economia e hoje coordena uma equipe em um aplicativo de gestão financeira. Além disso, se dedica às finanças pessoais no Econoweek.

Sobre o Blog

O Econoweek é um blog escrito por dois economistas que querem traduzir a economia, as finanças e o dinheiro.